


Na noite da última quarta-feira (3), o Teatro Belmira Vilas Boas sediou a solenidade do Prêmio Maria Bernadete de Andrade Silva 2025, promovido pela Prefeitura de Muriaé e pela Fundarte. O evento reuniu autoridades, representantes da cultura e comunidade para reconhecer iniciativas que preservam o patrimônio cultural da cidade.
O prêmio, que leva o nome de Maria Bernadete Andrade Silva, ex-servidora da Fundarte responsável por projetos e captação de recursos culturais entre 1997 e 2016, visa dar visibilidade e reconhecimento às práticas de preservação cultural feitas pelos cidadãos muriaeenses.
Patrimônio Imaterial: Arte em Ladrilhos
Na categoria de Patrimônio Imaterial, a homenagem foi entregue à tradicional Arte em Ladrilhos, antiga Fábrica Santa Efigênia, reconhecida por manter viva a produção artesanal de ladrilhos e artefatos de cimento seguindo técnicas centenárias.
O chefe do Departamento de Memória e Patrimônio Cultural, Breno Zamboni Silva, fez a entrega da homenagem ao Sr. Joaquim de Castro Galvão Neto, atual proprietário e neto do fundador da fábrica.
Em seu discurso, Joaquim ressaltou a importância de preservar o saber tradicional transmitido de geração em geração:
“Mais do que fabricar ladrilhos, carregamos a missão de manter viva a memória do meu avô e de tantas gerações que dedicaram suas mãos a este ofício. Cada peça que sai da nossa fábrica é um fragmento da história e da identidade de Muriaé.”
A premiação reforça a ideia de que o patrimônio cultural vai além de objetos e prédios históricos: ele se manifesta também nas práticas, técnicas e saberes que constituem a identidade de uma comunidade.
Biografia – Arte em Ladrilhos
A Arte em Ladrilhos, originalmente conhecida como Fábrica Santa Efigênia, surgiu no início do século XX e foi idealizada por Umberto Ticom, imigrante italiano que chegou a Muriaé por volta de 1920. Inicialmente, funcionava como uma oficina que reunia marcenaria, carpintaria e, principalmente, produção artesanal de ladrilhos e revestimentos.
Com o passar do tempo, a oficina se especializou na fabricação de ladrilhos hidráulicos e artefatos de cimento feitos à mão, mantendo processos e desenhos tradicionais transmitidos entre gerações.
Sob o nome comercial Artefatos de Cimento Mauro Galvão (Arte em Ladrilhos), a unidade consolidou-se como uma das mais antigas e reconhecidas de Muriaé, com mais de 100 anos de atuação e reconhecimento por suas técnicas artesanais.
O valor de patrimônio imaterial da fábrica está no saber-fazer artesanal, na preparação manual dos moldes, na mistura de pigmentos e na prensagem, práticas que vão além da técnica e carregam memória ocupacional, estética e identidade cultural. As peças produzidas marcam espaços públicos e privados da cidade, tornando-se portadoras de memória coletiva.
Assim, a Fábrica Santa Efigênia / Arte em Ladrilhos permanece viva como indústria e patrimônio imaterial, preservando um saber tradicional que conta a história e a identidade de Muriaé.





